O primeiro dia de atividades da 25ª edição do Clube da Fibra começou cedo. A programação teve início com a palestra “Panorama sobre o mercado e futuro”, com André Pessoa (Agroconsult), e o painel “Contexto global do algodão e suas exigências para o futuro”, com o palestrante Paulo Marques (ADM) e os debatedores Marcelo Duarte Monteiro (diretor de relações internacionais da Abrapa); Marcos Jank (professor de agribusiness global na Insper); Ronaldo Pereira (presidente da FMC Américas).
O palestrante Paulo Marques abordou o contexto e exigências para o futuro, com as mudanças na moda mundial. A imagem do Brasil no exterior também foi abordada. Presidente da FMC Américas, Ronaldo Pereira falou das possibilidades do agro, com crescimento pela frente.
Marcelo Duarte é diretor de relações internacionais da Abrapa no escritório em Singapura e participou do debate no painel de abertura. Em sua apresentação, mostrou que o crescimento da demanda da pluma os últimos dez anos foi de 1,7% ao ano. Projeções OECD/FAO e Texas Tech/USDA apontam crescimento de 1,46% aa para os próximos dez anos, o que representa mais 4 milhões de toneladas na ponta, saltando de 26,6 para 30,6 milhões de toneladas em 2032.
Ainda conforme Marcelo, os países com maior crescimento serão Vietnam e Bangladesh. “O Brasil vai ser o maior exportador, pois cresce mais que os outros”, afirma Marcelo. “Vai ser maior e o melhor, estamos focados na qualidade e trabalhamos por esse reconhecimento, via escritório em Singapura e outros projetos”, complementa.
Conforme o diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, o painel de abertura mostrou o mercado otimista, mas o produtor deve considerar os riscos, principalmente os climáticos. “O clima tem sofrido mudanças nunca vistas antes, como por exemplo, falta de chuvas no Mato Grosso”, ressaltou.
O estado do Mato Grosso sofreu com a falta de chuvas e aumento de temperatura em abril, algo inédito no estado e que fez a produtividade cair de 350 a 370@/ha para aproximadamente 250@/ha. Em março foi a vez da Bahia: falta de chuvas e muito sol, com produtividade caindo de 350 a 400@/ha para 240@/ha.
Este problema ocorre com os produtores que não são irrigantes, os que plantam em sequeiro. “O risco climático na agricultura é um fator surpresa e sempre deve ser considerado, senão o produtor se anima com perspectivas de mercado e depois se decepciona com o fator clima”, comenta.
À tarde, o segundo painel discutiu “Capacidade instalada x Oportunidade de longo prazo”, com palestra de Pedro Fernandes (Itaú BBA) seguida do debate com Antônio Carlos Ortiz (consultor sênior do Centrec); Rodrigo Rodrigues (head de agronegócios da Falconi Consultoria); Walter Horita (Produtor da Bahia). O painel 3 destaca o presidente da Abrapa, Júlio Busato.
Para o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, o dia foi bastante produtivo quanto às pautas do futuro da cotonicultura. Destaque para a palestra de Pedro Fernandes (Itaú BBA) que falou sobre o crédito necessário para que a produção de algodão consiga acompanhar o crescimento da demanda mundial. “4 milhões de toneladas em 10 anos representa duas safras brasileiras que o mundo vai consumir a mais. Para crescer 500 mil hectares, precisamos de US$ 3 bilhões, e para isso o crédito é fundamental” explica Moresco.
Por sua vez, o presidente da Abrapa, Júlio Busato, falou das ações sobre rastreabilidade, sustentabilidade, movimento Sou de Algodão e do Projeto Cotton Brazil, em parceria com a Apex. O Sou de algodão chegar a ter 1200 marcas parceiras até o fim do ano. As marcas Reserva e Renner já vendem peças com o QR Code do rastreamento de todo seu processo produtivo, e novas marcas devem fazer o mesmo.
“Temos desafios grandes, mas capacidade de abocanhar esse crescimento, quem já tem estrutura e conhecimento da cotonicultura. Produtores menores têm que se unir para se viabilizarem”, conclui Moresco.
O Clube da Fibra é realizado pela FMC e acontece no Hotel Grand Hyatt – São Paulo/SP. O evento se estende até sábado, dia 28.