O painel “Algodão: do campo à passarela” abriu as atividades do Agro Week 2020 desta quarta-feira, dia 16, e reuniu os elos que têm movimentado a cadeia produtiva do algodão de ponta a ponta. O painel colocou lado a lado o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa) e do Instituto Goiano de Agricultura (IGA), Carlos Alberto Moresco; a gestora do Movimento Sou de Algodão, da Abrapa, Silmara Salvati Ferraresi; o diretor criativo da Thear Vestuário, Theo Alexandre; e o consultor em negócios de moda, Leandro Pires, que atuou como mediador.
Ao falar das inovações na produção no campo, Moresco apresentou a nova fase do Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR)m que agora passa a certificar as algodoeiras, além das fazendas. O ABR é um programa que institui metas de sustentabilidade, com equilíbrio ambiental e responsabilidade social. Conforme o presidente da Agopa, 13% das usinas de beneficiamento já participam da iniciativa e o objetivo é chegar a 100%. “Queremos a cadeia completa com certificação”, diz.
Carlos Alberto Moresco também destacou os investimentos em rastreabilidade de todo o caminho que o algodão percorre do campo até o consumidor final. Com 14 milhões de fardos produzidos na última safra, afirma, todos são rastreados, contendo qual produtor produziu, qual algodoeira beneficiou, qual laboratório analisou, entre outros dados. A rastreabilidade é importante para a exportação, garantindo a origem e os processos nos padrões internacionais. “95% do nosso algodão exportado vai para a Ásia. Só a China leva 35%”, salientou.
Movimento
Por sua vez, Silmara Ferraresi destacou que a Associação Nacional dos Produtores de Algodão (Abrapa) tem 21 anos, e há algum tempo se preocupa com a redução da participação do algodão no mercado nacional em relação à fibra sintética. A partir de um estudo embasado em entrevistas e pesquisas, mostrou-se que a população desconhecia o algodão e seus benefícios. “A indústria têxtil gera mais de 10 milhões de empregos no Brasil, com 75% ocupados por mulheres”, pontua.
A partir destes dados, o Movimento Sou de Algodão nasce em 2016 para comunicar ao brasileiro que o algodão é saudável, sustentável, gera empregos e riqueza e faz parte da vida do brasileiro. “A rastreabilidade e o selo de qualidade agora chegam até o consumidor. Os EUA tiveram sucesso há 50 anos e hoje aumentaram a participação do algodão no mercado, além de esclarecer a população sobre os benefícios de se usar algodão”, complementa.
No Brasil, o público masculino é o maior consumidor, juntamente com o segmento infantil e para itens da casa. “As mulheres escolhem o algodão para o marido, os filhos e a casa, conhecem os benefícios, mas não usam tanto”, comenta.
Outro foco de ação do Movimento Sou de Algodão é com estilistas e produtores de moda. Theo Alexandre é um dos nomes que tem ganhado reconhecimento dentro e fora de Goiás, e que conta com o apoio do Movimento.
O estilista conta que há seis anos começou sua trajetória e a Casa de Criadores – maior evento de moda autoral do Brasil e que tem apoio do Sou de Algodão - foi um grande passo na história. “O Sou de Algodão sempre esteve junto, apoiando a marca e abrindo portas”, lembra. Para a próxima edição do Desafio Casa de Criadores, uma novidade: o evento terá 2 finalistas em cada região.
Somente em 2020, mais de 8 milhões de peças chegaram ao mercado com a etiqueta do movimento, mostrando que a peça seguiu todo um processo responsável desde a sua origem até o produto final. Grandes marcas estão aderindo ao movimento que já tem mais de 400 empresas parceiras. O algodão faz escola do campo à passarela.
Encerramento
O painel marcou ainda o encerramento da participação da Agopa e do IGA no Agro Week. Para Leandro Pires, participar como mediador foi emocionante, “pois dialogamos toda a história do Movimento Sou de Algodão, o qual fui o primeiro consultor de moda a me envolver com isso em Goiás. Hoje, quando vejo marcas e pessoas sendo beneficiadas pelo movimento, sinto o quão importante foi acompanhar todo esse desenvolvimento”.
Para o diretor executivo da Agopa e IGA, Dulcimar Pessatto Filho, o Agro Week foi uma boa oportunidade de apresentar não apenas o produtor de algodão, mas uma grande parte da cadeia produtiva da pluma, com os projetos, objetivos e planejamento estratégico. “O setor do agronegócio é muito competente em olhar para o futuro e prever o caminho a ser seguido, e a cotonicultura está na ponta de todo esse processo”, resume.
Os debates e toda a programação do encontro podem ser acessados pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=khtME87eU7o