A pandemia da Covid-19 causou redução do consumo mundial da pluma de 26 milhões para 24 milhões de toneladas. No Brasil, outra preocupação é com a falta de chuvas, às vésperas do plantio da safra 2020/2021. Estes foram alguns dos destaques na coletiva de imprensa da Abrapa, realizada virtualmente, nesta terça-feira, dia 8, para marcar o final da gestão da diretoria presidida por Milton Garbugio (MT), e o início da nova administração, em janeiro, liderada por Júlio Cézar Busato (BA).
“Consolidamos o nosso movimento Sou de Algodão, que hoje já congrega 400 marcas parceiras, e abrimos o nosso escritório de representação em Singapura, como parte de uma ação estratégica de marketing internacional, em parceria com a Apex-Brasil, o projeto Cotton Brazil. Nos posicionamos como o maior produtor mundial de fibra licenciada pela BCI, com 36% de participação no montante global, e ainda estendemos o nosso programa Algodão Brasileiro Responsável – ABR– para as Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA), o elo que faltava para tornar potencialmente possível rastrear uma peça de roupa, desde o ponto de venda até a lavoura”, enumera Milton Garbugio.
Garbugio celebrou também o maior índice de confiabilidade alcançado pelo programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), que parametrizou e padronizou as análises de algodão por instrumentos, o que considera um fator decisivo para a credibilidade e fortalecimento de imagem do algodão brasileiro ante o mercado. “Todas estas entregas são uma continuidade dentro do conceito maior, que dividimos em quatro compromissos: qualidade, rastreabilidade, sustentabilidade e promoção”, explica.
Covid-19 X Safra 2019/2020
De acordo com Milton Garbugio, os efeitos da pandemia na cotonicultura brasileira serão mais sentidos na próxima safra, que começa a ser plantada em dezembro. “Nossas lavouras já estavam instaladas e a cultura, em desenvolvimento, não havendo consequências para a atividade produtiva no período”, diz.
O presidente explica que, após a colheita, os efeitos da Covid-19 ficaram notáveis, principalmente, no escoamento da safra para o mercado externo. Isso porque a queda no consumo teve impacto na indústria internacional, majoritariamente concentrada na Ásia. Houve casos de grandes marcas quebrando contratos com as indústrias, muitas destas atrasando a compra de insumos como o algodão. Por conta disso, os embarques foram alongados, o que, em uma situação de supersafra, gera estoques de passagem maiores deste para o próximo ano.
O presidente ressaltou que, dos quase três milhões de toneladas produzidos, em torno de 550 mil toneladas ficam no país para abastecer a indústria nacional, e o restante é exportado. O país plantou 1,6 milhão de hectares de algodão, na safra 2019/2020, com produtividade de 1,8 mil quilos de pluma por hectare.
Perspectivas 2021
Os números para a safra 2020/2021 ainda são preliminares, mas estarão consolidados na próxima reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, no próximo dia 16 de dezembro. O atraso nas chuvas no início da safra de soja, principalmente, no estado do Mato Grosso, é um fator de preocupação. “Isso porque 90% do algodão no Mato Grosso é de segunda safra. Ele é plantado simultaneamente à colheita da soja. O atraso no plantio da oleaginosa comprime a janela do algodão Mato Grosso. Apesar desse déficit de chuva no começo do ciclo, as previsões para este ano são de clima favorável, durante o desenvolvimento das lavouras, para a região Centro Norte do Brasil e ainda duvidosas para a Centro Sul, pela influência do fenômeno meteorológico la niña.”, afirmou.