A eficiência, a segurança e a regulamentação da produção de insumos biológicos em propriedades rurais esteve em discussão na tarde desta terça-feira, dia 17, em seminário realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), e Grupo Associado de Agricultura Sustentável (Gaas).
De acordo com os especialistas, a utilização dos bioinsumos de origem animal, vegetal ou microbiana possui histórico de mais de meio século. Seu uso tem crescido nas fazendas e, apesar do produtor brasileiro atuar com profissionalismo e responsabilidade social e ambiental, há a necessidade de ordenamento no uso dos produtos, evitando riscos para as lavouras e consumidores.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, a produção de bioinsumos é um caminho em franca ascensão e, exatamente por isso, requer regulamentação para garantir, inclusive, segurança jurídica na produção e uso on farm.
“Esse crescimento tende a ser um divisor de águas na agricultura brasileira, mas precisa ser tratado com atenção, cuidado e profissionalismo”, avaliou. “Isso vai permitir definição de protocolos, treinamentos e certificações que priorizam a eficiência e a qualidade”, defendeu Arioli.
Ampliar a eficiência e garantir a segurança também foi o discurso do diretor executivo da Aprosoja, Fabrício Rosa, durante o primeiro painel. “Temos que aprimorar a regulamentação, fornecendo meios seguros para que os produtores possam realizar essa atividade na própria fazenda”, pontuou. Ainda durante o primeiro painel, o presidente do Gaas, Rogério Vian, lembrou que representantes da indústria de defensivos agrícolas, pesquisadores, governo, agricultura orgânica e convencional devem buscar um denominador comum para a questão da regulamentação.
“Regulamentar é condição básica para o crescimento da atividade com sustentabilidade econômica, beneficiando o produtor, mas com ganhos reais para o meio ambiente e sociedade. Já que existe um cenário favorável para o uso de bioinsumos no Brasil”, disse Vian.
Bioprospecção
Na opinião dos especialistas, a regulamentação deve observar aspectos como cadastro de propriedades, responsável técnico pela produção, além de utilização de microorganismos conhecidos com especificação de referência na lista oficial do Mapa e treinamento adequado para os operadores. Na avaliação dos participantes, o importante é que as ações estabelecidas levem à rastreabilidade, fiscalização, segurança e qualidade na produção.
O evento contou com a participação do presidente do Instituto Brasil Orgânico (IBO), Rogério Dias, do secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Guilherme Leal, do diretor do departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Carlos Goulart, e representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da CropLife Brasil.
Goiás
A concretização do Projeto Biofábricas, do Instituto Goiano de Agricultura (IGA), busca integrar práticas de manejo que visem à mitigação no uso de defensivos químicos, a partir da instalação de estrutura no IGA e em propriedades parceiras.
As biofáfricas já estão concluídas e têm o objetivo de facilitar o uso de insumos biológicos, associado a práticas de manejo mais sustentáveis. Elas funcionam no sistema on farm e multiplicam bactérias benéficas para a agricultura para seu consequente uso nas lavouras. Ao todo, o Projeto Biofábricas conta com seis unidades, sendo uma no IGA e as outras cinco em diferentes propriedades rurais nos municípios de Rio Verde, Caiapônia, Cristalina, Turvelândia e Itumbiara.
O Projeto Biofábricas vai além da produção desses ativos e visa melhorar os processos , capacitação e controle de qualidade da produção, contribuindo para validar e refinar a tecnologia on farm. Experiências brasileiras apontam que as biofábricas on farm podem reduzir em até 100% o uso de defensivos químicos
O IGA possui sua biofábrica e laboratório de controle de qualidade para realização de experimentos e análises envolvendo os microrganismos produzidos.
Com Catarina Guedes – Imprensa Abrapa