O Instituto Goiano de Agricultura (IGA) foi palco para o 3º Tour da Soja, trazendo os resultados das mais importantes cultivares do grão no mercado. As empresas participantes têm suas variedades plantadas no IGA e apresentaram ao público suas principais vantagens como índice de produtividade, resistência a pragas e doenças e ao estresse hídrico, entre outras características. O público, formado por profissionais do campo, produtores e pesquisadores, acompanhou também a palestra “Exigências nutricionais da soja e gestão da adubação com foco em sistema de produção”, do pesquisador da Embrapa Soja Adilson de Oliveira Júnior.
Adilson explica que o manejo da adubação no sistema de produção considera as necessidades das culturas que compõem tal sistema, em especial em áreas com fertilidade construída, que é a condição predominante hoje nas áreas tradicionais e consolidadas de produção de soja. “A principal diferença para o método de produção somente da soja, é que a cultura passa a compor as estratégias de um sistema de produção como um todo”, afirma. Nesse sentido, aspectos como o ciclo da cultura da soja, o posicionamento das cultivares, o potencial de reciclagem de nutrientes (Nitrogênio, em especial) e as quantidades exportadas de nutrientes (balanço da adubação) devem ser consideradas no planejamento e na condução do sistema de produção.
O pesquisador da Embrapa diz ainda que o adequado manejo, associado à ocorrência de boas condições climáticas, pode viabilizar produtividades médias superiores às registradas na safra 2018/19.
Para o presidente do IGA, Carlos Alberto Moresco, a soja é muito importante no sistema de produção, assim como o algodão, o milho e as demais culturas plantadas na região. “A rotação de culturas é benéfica com relação à questão de doenças e pragas e reciclagem de nutrientes”, comenta. Conforme Moresco, a soja é uma cultura bastante expressiva e precisa da rotação com outras espécies, tornando o sistema de produção mais eficiente, reciclando mais nutrientes e trazendo equilíbrio na relação custo-benefício das culturas. “Por isso é importante o trabalho do IGA no campo, mostrando um sistema de produção equilibrado, com maior produtividade e menor custo”, conclui.
Novidades no mercado
Cada empresa participante apresentou seus destaques para a safra. As exposições são importantes para que cada produtor escolha a melhor variedade de soja para a sua região, com as características climáticas e as presenças (ou ausências) de pragas e doenças.
Lucas Emiliano é representante da empresa Neogen, nova marca do grupo GDM, que apresentou quatro cultivares, sendo três para Goiás e uma voltada para o clima de Mato Grosso. “Desenvolvemos produtos para condições específicas, com grande potencial produtivo”, diz.
Marcelo Assunção é gerente de desenvolvimento de Mercado da HO Genética, e apresentou a variedade Iguaçu. “Este é nosso lançamento para a região, com precocidade e produtividade para a safra e safrinha”, explica.
Tatiane Pinheiro é engenheira agrônoma de desenvolvimento de mercado da Syngenta, e ressaltou a precocidade e resistência de suas variedades a nematoides de cisto raça 1. “Com uma população de 270 mil plantas por hectare, a cultivar oferece alta fertilidade e retorno no investimento”, garante.
Pesquisadora da Embrapa Soja, Mônica Zavaglia apresentou três cultivares em parceria com a Fundação Meridional e Fundação Cerrados. “Todas possuem elevado potencial produtivo, variando entre ciclos médios e precoces e com grande potencial de plantio”, diz.
Por sua vez, o representante comercial da Agrofava, Joaquim Ribas, defende que a variedade Voraz (Brasmax) possui resistência à lagarta e ao Roundup. “Somos líderes na região por conta da resistência com alto valor produtivo que nossa tecnologia oferece”, destaca.
A NK Sementes é uma empresa do grupo Syngenta e apresentou como destaque a NK7201, que possibilita uma boa janela de safrinha ao produtor. O representante de desenvolvimento de mercado Emilton Guimarães explica que a nova cultivar possui ótima sanidade de plantas e bom desempenho em ambientes com nematoides de galha.
A KWS destacou a RK7518-Ipro, multirresistente à galha e nematoides, aliada à alta produtividade. Conforme o representante comercial Mario Fonseca, a variedade está em seu segundo ano de mercado e resiste a muita chuva após o amadurecimento.
Supervisor de desenvolvimento de mercado da Newbauer, Rafael Beltrão apresentou o lançamento DM73-I75-Ipro, que permite abertura do início da janela de plantio e boa sanidade foliar. A cultivar de ciclo médio tem boa adaptabilidade e alto teto produtivo.
Por fim, a Credenz/Basf apresentou quatro cultivares que variavam entre ciclos superprecoces e tardios, que atendem a diferentes tipos de ambientes de produção. Destes, três são pré-lançamentos e representam “as principais apostas para o mercado”, conforme afirma o representante técnico de vendas, Paulo Eduardo Frasneli.
Lideranças otimistas com a safra
A Safra de soja em Goiás tem aumento estimado em 5,4% em relação à safra 2018/2019 e expectativa de 12,05 milhões de toneladas. O pesquisador Adilson de Oliveira Júnior acredita que, apesar do bom trabalho realizado quanto ao manejo da adubação, ainda há muito espaço para os produtores melhorarem o manejo integrado da fertilidade do solo, envolvendo estratégias que propiciem boa qualidade química, física e biológica.
Presidente do IGA, Carlos Alberto Moresco afirma que o Tour da Soja traz perspectivas para a próxima safra. “A partir dos resultados apresentados no Tour, definimos o que faremos no futuro”, pontua.
Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Antônio Carlos de Souza Lima Neto considera que o Tour da Soja no IGA seja uma oportunidade de presenciar o trabalho de difusão de tecnologias realizado no instituto. “Os produtores têm a oportunidade de saber o que tem sido feito para poderem tomar suas decisões, e isso é muito importante”, comenta.
Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja seção Goiás (Aprosoja-GO), Adriano Barzotto ressalta a importância do IGA para a instituição que representa os sojicultores. “Somos parceiros do IGA e estamos juntos na Casa do Algodão, em Goiânia. O Tour tem know how e traz o que há de mais tecnológico para a lavoura”, comemora.
Diretor executivo do IGA, Dulcimar Pessatto filho vê evolução a cada edição do Tour da Soja. “É notório que os produtores, empresas e instituições ligadas ao setor têm depositado cada vez mais confiança no nosso trabalho, não apenas em relação à soja, mas também no que se refere ao algodão, milho e demais culturas do sistema produtivo”, explica. O IGA também promove os Tour do milho e algodão, além de sediar o Dia do Algodão, promovido pela Agopa.
Presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e vice-presidente do IGA, Haroldo Cunha também ressalta a importância do instituto como desenvolvimento de uma agricultura sistêmica. “A soja deve ter um comportamento que combine com o algodão nas velocidades de ciclo, produtividade e adaptação ao clima de cada região”, pontua.
Representando o Comitê Técnico Científico do IGA (CTC), Elias Hill ressaltou o trabalho do grupo ao debater e definir a linha de pesquisa e os protocolos a serem elaborados para a safra vindoura. “Buscamos mais produtividade e controle de pragas e doenças”, explica.
Chefe da Embrapa Algodão, Liv Soares destaca que há um grande progresso quando se olha a agricultura como um sistema. “O IGA trabalha nesse sentido. A mistura de cultivos gera sustentabilidade para a agricultura tropical. O que se faz em uma cultura, impacta na outra”, declara, afirmando que a orientação para a Embrapa e de sempre olhar a agricultura como sistemas integrados.
Eduardo Barros é pesquisador do IGA e destaca que o Tour apresentou mais de 50 diferentes variedades plantadas em setembro e outubro de 2019. “Isso abre uma ampla possibilidade de escolha conforme a necessidade de cada produtor”, analisa.
Para o coordenador geral do IGA, Elio de La Torre, o Instituto oferece informação para cada produtor, tendo o Tour da Soja como um exemplo em meio a um conjunto de produtos. “Produzimos ainda uma série de relatórios e documentos técnicos para auxílio ao produtor”, explica.
O Instituto Goiano de Agricultura realiza experimentos com soja, milho, algodão e feijão, com o propósito de validar e transferir tecnologias, oferecendo ao produtor importantes informações para o sucesso da lavoura.