A Agopa e o Fialgo reuniram seus diretores, produtores, colaboradores e parceiros para celebrar os vinte anos das duas maiores instituições de apoio à cotonicultura em Goiás. O encontro ocorreu na noite desta quinta-feira, dia 5, em Goiânia, e contou com uma série de atrações, homenagens e novidades.
Em seu discurso de abertura, o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, agradeceu de forma especial os ex-presidentes da Associação, assim como todos os coordenadores gerais do Fialgo, por construírem, de forma harmônica e linear, toda uma estrutura de apoio ao produtor. Para Moresco, a organização dos cotonicultores foi como uma previsão para o que viria no novo milênio quando, em 1999, se reuniram para a criar instituições que estruturassem o crescimento e defesa da cultura do algodão em Goiás.
“Dentro de um movimento que também nascia em nível nacional, Goiás passou a contar com a Agopa e o Fialgo. Era tempo para unir interesses, unificar as pautas comuns aos produtores, criar alicerces que pudessem garantir o futuro do algodão”, declarou. Ainda conforme o presidente, a Agopa e o Fialgo se tornaram um porto seguro para os produtores que encaram o desafio de cultivar algodão.
Por sua vez, o coordenador do Conselho Gestor do Fialgo, Paulo Shimohira, destacou o apoio de entidades que foram parceiras e fundamentais para que a estrutura de apoio ao cotonicultor se tornasse realidade, a exemplo da Embrapa e da Faeg. “Começamos nosso trabalho dentro de uma sala da Faeg. Nossas conquistas também dependem de nossos parceiros”, diz.
Paulo Shimohira, que já foi presidente da Agopa, destacou os avanços das duas últimas décadas, com destaque para a mais nova empreitada, que foi criação do Instituto Goiano de Agricultura (IGA). “Mais um passo importante no suporte ao produtor”, diz.
Plano nacional
O ex-presidente da Agopa, Haroldo Cunha hoje está à frente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e falou sobre o cenário nacional do setor. Para ele, quem olha para a estrutura institucional do algodão fica espantado com a organização e interlocução com o Poder Público. Haroldo também abordou as relações comerciais e disputas dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC) relativas ao algodão, e como o Brasil se tornou um player fundamental para o mercado da pluma no mundo. “Analisamos a possibilidade de mais uma disputa de contencioso contra os subsídios norte-americanos a seus produtores”, citou.
O presidente do IBA abordou ainda os principais projetos da cotonicultura brasileira no plano internacional, como as missões Compradores e Vendedores; o Brazilian Cotton Day e o recém anunciado escritório permanente da Abrapa na Ásia.
Análise e previsões de mercado são o foco de palestra
O diretor de estratégia e soluções da Agroconsult, Marcos Rubin, foi o convidado para ministrar uma palestra no evento em comemoração aos vinte anos da Agopa e do Fialgo. O profissional de mercado discorreu sobre a perspectiva para o setor que cresceu 16% ao ano nos últimos 5 anos. Conforme Rubin, a demanda mundial de algodão caiu na safra 2018-2019 e ainda restam dúvidas para a safra atual.
“A visão era otimista e a demanda crescia desde 2012. Entretanto, na safra 2018-2019 a demanda caiu em 1,6 milhão de toneladas de algodão no mundo”, afirma. Ainda conforme Marcos Rubin, a guerra comercial entre Estados Unidos e China tem forte impacto na demanda global de mercadorias e serviços, incluindo o algodão, mas que também existem outros fatores que interferem no mercado. “Saímos de um patamar de 80 a 90 cents/libra para 55 a 65 cents/libra, e isso repercute em toda a cadeia produtiva”, alerta.
Ainda conforme a fala de Marcos Rubin, “o algodão norte-americano está altamente subsidiado”, o que afeta os preços do mercado para baixo e gera uma concorrência desleal com outros países produtores.
Líderes
Do setor agrícola prestigiaram o encontro em comemoração aos vinte anos da Agopa e Fialgo. O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Carlos de Souza Lima, destacou a parceria histórica entre a Pasta e a Agopa. O secretário estadual ressaltou ainda que o governo de Goiás tem atuado junto ao produtor no atendimento às suas pautas. Nos orgulhamos em ter a Agopa e o Fialgo juntos a nós”, declara. As duas instituições compõem o Conselho Consultivo O Agro é de Todos, onde se propõe e discute melhorias para o campo.
Ex-presidente da Agopa, Luiz Renato Zapparoli destacou o companheirismo e a amizade que foram criados entre os representantes de diversas regiões produtoras de algodão no estado. “Isso fez com que a Agopa e o Fialgo crescessem em harmonia, o que ajuda bastante”, comenta.
Marcelo Swart foi presidente da Agopa e coordenou o Fialgo por dez anos. Para ele, olhar os resultados e o legado criado nos vinte anos de trabalho institucional mostra que os esforços valeram a pena. “Tenho muito orgulho dessa construção”, salienta.
Diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero destaca que as associações fizeram renascer uma cultura que estava em vias de extinção. “em vinte anos se criou um case de sucesso em Goiás e no Brasil”, conta. Marcio aponta os avanços em rastreabilidade, sustentabilidade e qualidade como ingredientes para o sucesso do algodão brasileiro no mundo. “A nossa qualidade comprovada é o último degrau de conquista da confiabilidade do mercado”, garante.
Representando A Embrapa, a pesquisadora Ana Luiza Borin recorda que a Embrapa foi parceira do algodão em Goiás desde a concepção da Agopa e do Fialgo. “Trouxemos uma equipe da Embrapa Algodão de Campina Grande (PB) e hoje, Goiânia é o maior centro de nossa equipe fora da Paraíba”, explica.
O pesquisador da Embrapa Camilo Morello participou dessa história no fim dos anos 90. “Vieram profissionais com ideias de associativismo, leis de incentivo e outros mecanismos que deram certo”, recorda.
Diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho comemora os resultados nestes vinte anos. “Éramos o segundo maior importador de algodão no mundo e hoje somos o segundo maior exportador. Este dado é a prova de que nosso modelo de governança é um sucesso em todos os sentidos”, afirma.
Os ex-presidentes da Agopa e coordenadores gerais do Fialgo foram homenageados com um troféu de algodão, em reconhecimento pelos serviços prestados à cultura em plano estadual e nacional.
Desfile une as pontas da cadeia produtiva do algodão
A noite em comemoração aos vinte anos da Agopa e do Fialgo contou ainda com um desfile de moda do estilista Theo Alexandre. O profissional comanda a marca Thear, que participou do desfile do Movimento Sou de Algodão e do Projeto Lab na última semana, em São Paulo. Theo apresentou alguns dos looks que ocuparam a passarela paulistana. A iniciativa uniu as duas pontas da cadeia produtiva do algodão: a produção da pluma e a estilização do tecido.
Theo Alexandre utiliza 100% de algodão em suas peças, e trabalha em um modelo criativo e sustentável, com a reutilização de materiais que seriam descartados pela indústria. “Sou extremamente grato à Agopa e ao Movimento Sou de Algodão, que me apoiam e me oferecem suporte para que a moda produzida em Goiás rompa as barreiras regionais e alcance os centros de destaque nacional”, comemora.
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Fotos: Camídia.