Representantes dos produtores de algodão brasileiro estão na China e Vietnã para apresentar o sistema de produção de pluma e a qualidade do produto nacional. A Missão Vendedores 2019 esteve nesta terça-feira, dia 3, na cidade de Ningbo, onde se reuniu com executivos da empresa Bros Eastern na sede da empresa.
Participaram da reunião o proprietário Yeung Wai San e seu filho Peter Yang, responsável pelo Departamento de Compras, que apresentou a empresa. A Bros Eastern trabalha com 1 milhão de fusos (160 mil toneladas de fio/ano) no Vietnã e 700 mil fusos na China (100 mil toneladas de fio/ano). Tem a meta de atingir em breve 2 milhões de fusos no Vietnã. Fundada em 1989 com trading e agora grande fiação, abriu a primeira fábrica na China em 1999 e entrou para o mercado de capitais na Bolsa de Shanghai em 2012. A primeira Fábrica no Vietnã ocorreu em 2013. A empresa pode importar algodão fora da cota do governo Chinês, e cerca de 85% do total da capacidade produtiva não está exposta a cotas. O investimento feito nas indústrias da empresa foi de US$ 1 billhão, incluindo um laboratório de HVI que testa novamente todos fardos.
Em seguida, Peter Yang falou um pouco sobre suas impressões acerca do algodão brasileiro, e destacou que comprou muito Strict Middling 37 e achou melhor que o algodão americano. A empresa tem um processo de tingimento antes da produção do fio, tingindo o algodão diretamente, pois considera o processo mais sustentável. Entretanto, este processo exige um algodão micronaire mais homogêneo para que os custos não sejam muito altos. Disse ainda que este é o primeiro ano que estão comprando algodão brasileiro (compraram 50 mil toneladas), e que pode e quer comprar mais algodão brasileiro.
A empresa está testando e juntando dados sobre o produto brasileiro. Em 2020, representantes virão ao Brasil novamente para discutir melhorias no fornecimento e acreditam que vão comprar mais algodão brasileiro, substituindo a pluma americana.
A Bros Eastern é uma referência no mercado e suas decisões são acompanhadas por muitas empresas chinesas. Desta forma, a preferência pelo algodão brasileiro é muito significativa.
Perspectivas para o mercado
O presidente Yeung San explicou que, antes do ano 2000, o mercado doméstico Chinês era pequeno e que o PIB brasileiro era superior ao chinês. Hoje o PIB e o consumo chineses são muito maiores que os números brasileiros. Yeung acredita que o consumo de algodão no mercado chinês vai superar o mercado americano, ou ficar igual. “Há cerca de dez anos, as pessoas preferiam fibras artificiais, mas hoje o algodão voltou a ser preferido porque é natural”, diz. Ao longo desses dez anos, continua, viu o aumento do uso de algodão e redução nas fibras artificiais. A produção atual doméstica na China é 6 milhões de toneladas, mas não é sustentável. Se o governo tirar os subsídios, a produção de algodão vai cair de forma significativa.
Esta é uma grande oportunidade para os produtores brasileiros, caso isso aconteça. O governo chinês garante US$ 1,20/lb de preço mínimo aos produtores chineses. Portanto a produção chinesa não é competitiva no mercado internacional.
Para o presidente da Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Alberto Moresco, que integra a Missão Vendedores, o encontro trouxe fortes sinais de que os chineses querem comprar mais algodão brasileiro. “Consideram o algodão Brasileiro melhor que o Americano. No seu primeiro ano de negócios com o Brasil, compraram 50 mil toneladas do Brasil e querem aumentar o volume”, comenta.
Tecnologia
O encontro também discutiu melhorias do maquinário utilizado em beneficiamento de algodão. Os executivos Li Jianguo e Eric Xing representaram a empresa Sinocot, que apresentou as cintas de plástico (PET) para fardos de algodão. Segundo eles, os arames dos fardos causam faíscas durante o transporte o que pode causar fogo. Além disso, os arames sujam o algodão com ferrugem. Conforme os executivos, o processo com cinta plástica é mais rápido, seguro e sem perdas na abertura dos fardos, além de facilitar a reciclagem. Em 2010 o governo da China ordenou a substituição de arame por cintas de plástico nos fardos de algodão, e a empresa pode fornecer kits adaptáveis às prensas existentes nas algodoeiras do Brasil.
O Brasil tem trabalhado em pesquisa de variedades para melhorar a qualidade de sua produção e acompanhar a evolução tecnológica da indústria têxtil. Sobre as cintas de plástico, o Brasil tem capacidade atual de enfardar 600 mil toneladas de algodão com esse material.