O Dia do Algodão 2019 é o maior evento do setor da cotonicultura em Goiás. Este ano, a programação reúne palestras em campo, ações de sustentabilidade, feira de tecnologia e muita interação entre produtores, técnicos e pesquisadores. Uma das estações técnicas vai abordar o tema “Monitoramento e Manejo de Grandes Áreas em Nematoides”, cuja palestra ficará a cargo da pesquisadora da Fundação Bahia, Carina Mariani.
A pesquisadora explica que a diferença do monitoramento em grandes áreas é a técnica empregada. Em pequenas áreas, diz, é possível dividir em grids e fazer uma coleta, mas fazer isso fica inviável em grandes áreas. A saída é usar o sensoriamento remoto por drones ou satélite, para identificar onde há presença de nematoides e realizar uma coleta sistematizada.
Os nematoides apresentam riscos diretamente ligados à perda de produção. Atacam as raízes das plantas e as impedem de produzir normalmente. Mas também há casos de grandes populações de nematoides que geram a depreciação do valor da terra, afastando compradores e até levando ao abandono da área. “Os prejuízos vão além do baixo rendimento das culturas”, lamenta.
Manejo
Algumas espécies de nematoides, quando presentes na área, são quase impossíveis de serem eliminadas. Por isso é importante fazer o mapeamento da área e saber onde há maior população de nematoides e realizar intervenções mais específicas, sem impedir que o produtor plante nessas áreas. Também é salutar que não haja dispersão dos nematoides para outras áreas com população baixa. “O monitoramento contínuo verifica se as estratégias de controle estão sendo eficazes”, assegura.
Conforme a pesquisadora, os nematoides são patógenos silenciosos e demoram para causar danos. Carina afirma que os produtores foram negligentes por muito tempo, mas nos últimos anos, com o aumento dos danos causados na lavoura, houve uma concentração de esforços para resolver o problema, com medidas estratégicas de controle biológico e químico, além do monitoramento. “Até algum tempo atrás, poucos se importavam com esse assunto”, lembra.
Neste aspecto, Goiás não é exceção. Entretanto, há agora um grande interesse de especialistas em estudar e debater o assunto. “Há uma grande movimentação e trabalho para resolver o problema, mas ainda há muito o que fazer, sobretudo na conscientização dos produtores a respeito dos nematoides”, pontua.
O primeiro passo para reduzir os danos é a conscientização. “Os produtores precisam saber que o problema pode estar em suas áreas e que, se não se adotarem estratégias de controle, os danos podem ser grandes”, alerta a pesquisadora. O controle dos nematoides é difícil, pois estão dentro do solo, protegidos. Assim, continua, o manejo requer tempo e a combinação de diferentes estratégias. “O importante é não deixar que a população dessas espécies cresça a ponto de prejudicar a lavoura. Para isso, é importante que o produtor busque ajuda especializada, para não correr o risco de agravar o problema”, resume.
O Dia do Algodão 2019 contará ainda com as estações Desempenho dos Cultivares; Saúde do solo e Sustentabilidade Agrícola; e Manejo do Algodoeiro para altas Produtividades e Qualidade da Fibra. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo link: http://www.casadoalgodao.com.br/eventos/event/0/12-eventos/87-inscricoes-dia-do-algodao-2019