O responsável pelo maior impacto na redução da presença do inseto é o Projeto Bicudo, capitaneado pelo Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão em Goiás (Fialgo) e financiado pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). O projeto consiste na visita de técnicos nas lavouras durante todo o ano, seja no armadilhamento durante o pré-plantio e no monitoramento durante e após a safra. A novidade é a utilização do software que permite a inserção e o compartilhamento de informações com muito mais rapidez, além de gerar um mapeamento detalhado e preciso de toda a situação.
É o que afirma o gerente do grupo JHS, Elias Hill. Para ele, o Projeto Bicudo possibilita antecipar as ações de combate ao bicudo, devido à oferta de informação. “O software tem a vantagem de mostrar o que ocorre na região. É mais informação para ficarmos atentos e agir”, diz. Elias ressalta ainda a necessidade de manter o Projeto Bicudo em atividade, ampliando a capacitação de funcionários de fazendas e colaborados que ficam no campo.
Elias está se programando para começar a colheita na primeira quinzena de julho, na região de Caiapônia. O gerente lembra que a última chuva de maio ajudou bastante e o algodão vai fechar o ciclo com grande potencial. Outra vantagem foi a redução na pressão do bicudo nas lavouras do grupo, o que não afetou a produtividade, diferentemente do que ocorreu na safra passada. As aplicações de defensivos têm sido mantidas em um intervalo médio de cinco a sete dias.
Conforme o relatório mensal das lavouras de algodão realizado pela equipe de monitoramento do Projeto Bicudo, no município de Caiapônia, os algodões da safra de verão se encontram com 22 nós reprodutivos, com excelente potencial produtivo. A média de precipitação pluviométrica em maio foi de 38 mm.
Presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Alberto Moresco produz na região de Cristalina, no Entorno do distrito Federal. O produtor considera que esta será uma safra diferente das três anteriores. O clima correu bem, explica, com poucas adversidades em janeiro e março. “Nesta safra temos uma menor área plantada e uma produtividade maior. Tudo indica que teremos boa qualidade na pluma”, pontua.
Na região de Cristalina, após um abril seco, as chuvas retomaram o volume em maio. No armadilhamento de pré-colheita, alguns blocos que já foram desfolhados contabilizaram menos de dois espécimes por armadilha. Foram destruídas plantas involuntárias de algodão na beira de estradas, para minimizar possíveis migrações de bicudos.
Carlos Moresco vê o sucesso deste ciclo como um reflexo, entre outras coisas, do trabalho de monitoramento e controle realizado pelo Projeto Bicudo em conjunto com os produtores, o que representou uma forte redução na incidência do inseto nas lavouras de algodão de Goiás. Mesmo assim, diz, “é importante ficar alerta porque a praga é potencial e pode voltar com força”.
É nesse “ficar alerta” que o software do bicudo entra em ação. Conforme o presidente da Agopa, a ferramenta disponível aos produtores e gestores das lavouras possibilita comparar dados entre as equipes do projeto e da fazenda, resultando em manejos mais eficientes, o que foi fundamental para a retomada da confiança do produtor com a cultura. “O algodão estava com pouca margem de lucro e era preciso aprofundar as medidas de combate à praga, reduzir as aplicações, diminuir o custo e viabilizar a cultura”, lembra. Foi o que aconteceu.
Carlos Moresco diz que as portas da Casa do Algodão, em Goiânia, estão abertas a todos os produtores e a quem quiser apoio e informações para ingressar na cotonicultura.
O software
Com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), o novo software de combate ao bicudo do algodoeiro utiliza o georreferenciamento para informar o produtor sobre a presença do inseto na lavoura.
A interação homem-tecnologia começa no armadilhamento em torno de toda área que será plantada e continua durante o desenvolvimento da cultura, quando o monitor procura detectar a presença do bicudo na lavoura, seja o inseto, a postura ou a marca na maçã atingida. Qualquer sinal da presença da praga é registrado no software, informando no mapa da lavoura o local exato da presença do bicudo.
Com a informação chegando mais rápido ao produtor, fica mais fácil visualizar com clareza e detalhe a presença do inseto na lavoura. A consequência é a diminuição do uso de defensivos e a redução no custo de produção. Coordenador do Fialgo, Marcelo Swart destaca a rapidez e a tranquilidade que o software proporciona como as vantagens que mais agradam o produtor. “Informações com transparência e em tempo real têm efeitos práticos na redução do custo e ganho de produtividade no campo”, declara.
Todas as plantações de algodão em Goiás são monitoradas e estão mapeadas no software. O sigilo de dados também é um importante fator a ser considerado: cada responsável por lavoura tem acesso aos dados em tempo real, mas somente às informações referentes à propriedade em que é credenciado.