Representantes das entidades de todo o Brasil participaram da reunião da Câmara Setorial do Algodão, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na manhã do dia 26. No encontro, foram apresentados os números da indústria têxtil, que caiu 4%. Conforme presidente da Abit, Fernando Pimentel, câmbio e queda do poder de consumo foram responsáveis pela retração do setor.
Entretanto, as atenções se voltaram para o algodão: com 2.1 milhões de toneladas produzidas nesta safra, apenas 700 mil toneladas são absorvidas pela indústria nacional, e outras 250 mil toneladas ficam como estoque de passagem. Assim, a preocupação é com o escoamento das outras 1.1 milhão de toneladas, sobretudo porque o ritmo de embarques e desembarques nos portos brasileiros está lento; esperava-se um escoamento de 200 mil toneladas por mês, mas a média está em 150 mil toneladas mensais. Desta forma, o prazo de exportação deve se estender, o que atrasa o recebimento da venda e atrapalha os investimentos para a próxima safra. Para resolver isso, um grupo de trabalho foi criado para buscar soluções, como novos prazos para financiamento, entre outras propostas.
Para o presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Carlos Alberto Moresco, a produção da próxima safra deve atingir 2,5 milhões de toneladas, e as exportações devem crescer. “Por isso há uma série de desafios para escoar a produção e impulsionar as vendas externas. As estratégias vêm sendo planejadas para avançarmos no mercado internacional”, comentou.
Conforme o diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, os resultados safra 17/18 trouxeram uma produtividade acima da expectativa, e a previsão para a próxima safra é de aumento de 22% na área plantada. “Esse salto na produção requer planejamento e investimentos que garantam sucesso em todas as etapas da comercialização, logística e rastreabilidade, até alcançar a ponta do consumo”, diz.
Projetos
À tarde, foi a vez de participar da Assembleia do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), onde foram apresentados os projetos para 2019. Há projetos das associações estaduais e Abrapa, que serão analisados individualmente para possíveis adequações, vetos ou aprovações. Também foi anunciada a criação de uma plataforma para reunir os resultados de todos os projetos financiados pelo IBA. A iniciativa deixará todo o material disponível para qualquer cidadão, disseminando o conhecimento, classificado por áreas específicas, como tecnologia de plantio, infraestrutura e controle de pragas, entre outros. “Mais uma forma de ampliar o conhecimento e difundir a cotonicultura no Brasil”, afirma Moresco.
Em seguida, na assembleia da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), houve a aprovação das contas do primeiro semestre por meio das empresas auditoras. Tratou-se ainda do panorama sobre sustentabilidade e os novos passos que o projeto Algodão Brasileiro Responsável (ABR) dará para se adequar à legislação trabalhista e ao E-Social.
Também foi apresentada as últimas atualizações sobre o movimento Sou de Algodão, que busca aproximar o setor da moda e do consumidor final ao universo do algodão. O movimento recebeu apoio da Coteminas, MMartin e outras grandes varejistas. A representatividade está crescendo e chegando à ponta do consumidor.
Missão internacional
A assembleia também abordou a Missão Compradores, realizada em agosto deste ano, onde 25 representantes das mais importantes indústrias têxteis de seis países estiveram no Brasil para conhecer o sistema de produção do algodão nacional. O feedback apontou que a comitiva se surpreendeu com a tecnologia de produção, em que o Brasil se equipara aos melhores do mundo. Novos contratos de compra do algodão brasileiro foram anunciados por parte de industriais asiáticos e sul americanos.
Por sua vez, a Missão Vendedores levará uma comitiva brasileira à Ásia para promover o algodão brasileiro, em outubro. A missão estará na Turquia, onde vai conhecer uma fiação de compradores que estiveram no Brasil em 2017. Em seguida passam pela China e encerram a missão em Hong Kong, durante o Encontro da Associação internacional de Algodão (ICA).