O Dia do Algodão 2018 marca um novo capítulo para a cotonicultura goiana. Em meio a um período de crescimento da cotonicultura goiana, pela primeira vez, o evento foi realizado no Instituto Goiano de Agricultura (IGA), que se prepara para sua primeira colheita de algodão. Os participantes puderam conhecer os talhões de algodão onde as pesquisas sobre manejo e validação de tecnologias estão sendo desenvolvidas, enquanto acompanhavam as palestras sobre as novidades que a ciência tem a apresentar para o campo.
O Dia do Algodão 2018 ocorre em um momento especial para este setor produtivo. A produção de algodão em Goiás deu um salto na safra 2017-2018. A área plantada cresceu 23%, subindo de 26.490 hectares (ha) em 2017, para 32.671 ha em 2018. A produção total do algodão em pluma é estimada em 54.472 toneladas, com uma produtividade média estimada algodão com caroço de 285@/ha. O número de produtores também subiu 8%. Em Goiás, a colheita da safra 2017-2018 começa em julho. Esta boa produtividade se junta à alta dos preços da pluma no mercado internacional, que atingiu patamares satisfatórios para o produtor. A partir desses dados e de informações sobre a demanda mundial para esta fibra, a previsão é que a área plantada em Goiás continue crescendo e atinja alta de 12,5% em 2019.
Em meio a este clima de otimismo com a atual safra e com a próxima, o mercado que envolve toda a cadeia produtiva do algodão se aquece, e o Dia do Algodão é um termômetro. As grandes empresas lançam seus produtos, novos atores surgem com prestação de serviços e novas tecnologias e o interesse geral dos produtores é crescente. O Dia do Algodão 2018 apresentou um panorama do quadro geral da cotonicultura em Goiás.
Estações Técnicas
As estações técnicas são a oportunidade de atualizar os conhecimentos para maior produtividade, e compõem o circuito realizado em meio à lavoura.
A pesquisadora da Embrapa Ana Luisa Borin apresentou dados sobre a nutrição do solo e da planta. Para ela, é importante entender o ciclo de cultivares para um manejo nutricional adequado. “25% do custo de produção é com adubos. Temos que saber as quantidades de nutrientes e a hora certa de utilizá-los”, explica
Também pesquisador da Embrapa, Murillo Lobo Jr. Destaca os métodos biológicos de controle de doenças, a partir do uso controlado de fungos e bactérias. “Há interesse neste método, pois atinge pontos que outras tecnologias não alcançam, tem um menor custo e são ambientalmente sustentáveis”, enumera.
Pesquisador chefe do IGA, Elio de la Torre sustenta que o produtor tem que cuidar do solo, ver seu histórico e fazer ajustes. “Solo ruim compromete a produção, sobretudo em safras com pouca chuva”, avisa.
O engenheiro agrônomo Wanderley Oishi, discorreu sobre o desempenho de cultivares. Para Oishi, o algodão é uma cultura extremamente responsiva ao ambiente. “O clima é o maior responsável pela resposta produtiva de uma planta, e saber como a variedade se comporta ao clima local é muito importante”, explica.
A quinta estação técnica contou com o Fialgo, que levou duas empresas de monitoramento de lavouras via drones para apresentar seus resultados. Para o diretor executivo do Fialgo, Paulo Cesar Peixoto, a exposição serviu para mostrar o que essa tecnologia pode oferecer e o quão isso pode ser importante para o produtor. “A novidade está à disposição do produtor e ele pode decidir sobre como aproveitar essas possibilidades”, comenta.
Parceiros comerciais
Grandes empresas de tecnologia para a lavoura marcaram presença no evento. A FMC é uma delas. Para o coordenador de Desenvolvimento de Mercado, Altieres Dias, é importante participar e apresentar as novidades ao produtor. “Promovemos o uso do algodão e desenvolvemos tecnologias de combate aos nematoides”, comenta.
Outra grande parceira do evento é a Bayer. A empresa esteve representada pelo gerente de negócios para o algodão, Marcus Lawder, que apresentou os novos produtos da empresa para os participantes. “Produtores têm interesse em saber cada vez mais sobre os lançamentos do mercado que podem impulsionar sua produtividade”. Diz.
Assim como a Bayer, a J&H Sementes também compareceu com suas novidades. Gerente técnico da J&H, Rinaldo Grassi diz que a empresa também trabalha junto ao IGA para a validação de suas tecnologias. “Sabemos das ações para o incentivo ao algodão e somos parceiros. A opinião da Agopa e do IGA são importantes para nós”, afirma. A Basf também marcou presença no evento, completando o time de grandes empresas parceiras.
Movimento Sou de Algodão leva moda e design ao evento
O movimento Sou de Algodão é uma iniciativa da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), que tem a Agopa como parceira em Goiás. O movimento traz à tona o uso do algodão na moda, aliando o design, a brasilidade e a sustentabilidade que o algodão pode oferecer. Uma das mais fortes atuações do Sou de Algodão é junto a universidades e faculdades de design de moda, e no Dia do Algodão, o movimento levou acadêmicos da Universidade Estácio que recentemente realizaram o I Estacio Fasion Design, com peças predominantemente produzidas em algodão. Os participantes do Dia do Algodão puderam conferir um desfile de moda e saber mais sobre esta iniciativa.
O Sou de Algodão tem atuado em diversos eventos em Goiás, a exemplo do Mega Moda Fashion, do Clube de Costura e do I Estacio Fasion Design, além de palestras e apresentações em faculdades de Goiânia.
Líderes de entidades do agro se manifestam no Dia do Algodão
Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura, eventos como o Dia do Algodão incentivam novos produtores a desenvolver a cadeia produtiva. “2018 é um ano importante, Estamos crescendo há dois anos e devemos crescer 12,5% para 2019”, diz.
Já para o presidente da Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa), do IGA e da Fundação Goiás, Carlos Alberto Moresco, o crescimento em 2018 superou as expectativas dos últimos oito anos. “Temos uma excelente produtividade e o preço no mercado está bom”, pontua.
Presidente da Aprosoja Goiás, Adriano Barzotto destaca que a Agopa e a Aprosoja são entidades irmãs, com os mesmos interesses e cadeias produtivas que andam juntas. “O que beneficia a um, ajuda o outro”, lembra.
Associações estaduais estiveram representadas pelo presidente da Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Alexandre Schenkell. Em seu discurso, Alexandre ressaltou a importância de entidades como o IGA para a pesquisa, essencial para atingir a produtividade e sustentabilidade desejadas. “Os resultados destas instituições são fantásticos”, comemora.
Representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), o presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, cidade vizinha a Montividiu, Luciano Guimarães vê o Dia do Algodão como um esforço para alcançar maior sustentabilidade no campo. “Aqui vemos que existem mecanismos para melhorar a cultura em geral. Podemos ser cada vez menos agressivos”, comenta.
Coordenador geral do Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão (Fialgo), Marcelo Swart alerta para novos cotonicultores sigam todas as orientações de manejo de combate a pragas, sobretudo o bicudo. “Oferecemos o que há de novo aos produtores e apontamos os caminhos da cotonicultura. Se não seguir o manejo correto, pode ser um tiro no pé”, afirma.
Superintendente executivo de Agricultura e Pecuária do estado de Goiás, Antônio Flávio de Lima acredita que o modelo de gestão das instituições voltadas para o algodão deve ser replicado às demais áreas da agricultura. “A iniciativa do movimento Sou de Algodão é fundamental para informar a população sobre o processo produtivo e as vantagens do uso da fibra natural”, defende.
Parceira da Agopa em diversos momentos, a Embrapa esteve representada pelo chefe-geral para arroz e feijão, Alcido Wander. O pesquisador ressalta a necessidade de rotação de culturas para a saúde da agricultura. “O algodão é fundamental para o Cerrado, mas a presença de outras culturas é importante para viabilizar a própria saúde do algodão”, explica.
Uma das instituições financiadoras do Dia do Algodão é o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), representado no evento pelo seu diretor técnico, Gustavo Prado. Para ele, o objetivo do aporte financeiro é a transferência de tecnologia e conhecimento ao produtor, o que foi alcançado com o Dia do Algodão.