O XX Anea Cotton Dinner & Golf Tournament reuniu 665 representantes da cadeia produtiva de algodão brasileira e exportadores, de 29 de junho a 02 de julho, no Club Med Rio das Pedras, no Rio de Janeiro.
A programação contou com a 71ª Reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). A reunião foi a última sob a presidência de Júlio Cézar Busato, ex-presidente e atual membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Para o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, a boa distribuição das chuvas ao longo da safra explica o aumento da produtividade. “92% das lavouras brasileiras dependem exclusivamente de água da chuva para se desenvolver e a tecnologia da irrigação está presente nos demais 8%”, explica.
Do total de algodão produzido no país, 650 mil toneladas devem abastecer a indústria nacional. Tradicionalmente, esse número era em torno de 100 mil toneladas superior ao esperado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que credita a queda aos reflexos da recessão mundial pós-pandemia. Segundo o presidente da Abit, Fernando Pimentel, até o momento, o ano de 2023 não foi positivo.
Com o mercado interno abastecido, o desafio é exportar o excedente de uma safra de grandes proporções, repetindo o sucesso de 2019. Segundo o presidente da Anea, Miguel Faus, as exportações, na safra 2022/2023, devem fechar em torno de 1,4 milhão de toneladas. Os principais mercados para o algodão brasileiro permanecem na mesma ordem, com a China ocupando o primeiro lugar, seguida por Vietnã, Paquistão, Bangladesh, Indonésia, Turquia e Indonésia.
Cotton Brazil
A Anea participa do Programa Cotton Brazil, junto com a Abrapa e a ApexBrasil. A iniciativa trabalha na abertura de novos mercados e consolidação dos já existentes, com ações de comunicação e marketing, que inclui a realização de diversas missões internacionais ao longo do ano.
Para o presidente da Agopa, Haroldo Rodrigues da Cunha, a pauta que dominou os debates foi a produção de 3 milhões de toneladas, com produtividade alta em todo o país, gerando superávit de mais de 2 milhões de toneladas para exportação. “China e Bangladesh são os maiores importadores, e o Brasil tem que se posicionar para aumentar essa exportação, já contanto com a previsão de aumento de produção na próxima safra”, afirma.
Por isso, explica, é importante que o Brasil trabalhe com o escritório da Abrapa em Cingapura, com o Programa Cotton Brazil, com as missões Vendedores e Compradores e demais projetos desenvolvidos pelas instituições da cotonicultura brasileira. A preocupação dos produtores é com a rentabilidade da cultura, com preços internacionais que não passam da casa de 80 centavos de dólar por libra peso. “Teremos que fazer uma safra de alta produtividade e reduzir custos para buscar uma margem razoável, diante deste cenário em que as cotações do algodão não sinalizam alta expressiva”, avalia.
Outros temas em destaque foram a agricultura regenerativa e algodão regenerativo, o que abre uma janela de oportunidade para o Brasil, que já possui mais de 80% de sua produção certificada em sustentabilidade, uma vez que os produtores já adotam várias práticas desta modalidade de produção. “Temos espaço para adotar cada vez mais práticas de agricultura regenerativa e nos preparar para esse mercado”, comenta.
Painel discute maior presença de mulheres na cadeia produtiva do algodão
Embora se estime que as mulheres representem em torno de 70% dos postos de trabalho na cadeia produtiva do algodão, quando se trata de ocupar cargos de liderança, a situação é diferente. E foi para discutir as formas de ampliar essa presença que no sábado (dia 1º), durante o XX Anea Cotton Dinner and Golf Tournament, promovido no Rio de Janeiro, aconteceu o painel “Women in Cotton (WIC) – como a indústria do algodão pode contribuir para aumentar a diversidade em cargos de liderança”.
O WIC é um grupo de trabalho global, da International Cotton Association (ICA), tradicional entidade do mercado de algodão, que tem sede em Liverpool, na Inglaterra. O comitê tem por objetivo discutir soluções para o problema. Desde 2022, o tema da diversidade feminina da cadeia do algodão passou a integrar a programação do evento da Anea.
Este ano, o painel teve a participação do presidente da Anea, Miguel Faus; da conselheira fiscal da Abrapa, Alessandra Zanotto Costa; do presidente da ICA, Tim North; do presidente Abit, Fernando Valente Pimentel e do presidente da BBM, João Paulo Levèvre, com moderação do vice-presidente da Anea, Henrique Snitcovski.
Fonte: Anea